As horas me atormentavam, a impossibilidade me afligia pensar me desesperava.
Às 16 h em ponto alguém bateu na
minha porta.
Não abri.
Fiquei de mau-humor e completamente
sem fome.
Mais tarde voltaram a bater na porta.
Ignorei pela segunda vez.
Menos de uma hora depois as batidas
recomeçaram.
Será que era tão difícil entender
que eu só queria ficar sozinho!
Bruscamente abri a porta, irritado
pela insistência, sem realmente ver quem era, falei ríspido. — Será que você
não entende que eu não quero ver ninguém?
Anna estava estática, segurava uma
bandeja com alimentos que ela sabia que eu gostava, também estava assustada
pelo meu humor ácido.
— Me desculpe Aleksandr, eu não… ah?
Sua voz foi sumindo, ela engoliu em
seco ao dar meia volta ainda assustada.
Tratá-la mal não era a minha
intenção, mas foi o que eu fiz.
— Anna me desculpa.
Ela parou.
— Está tudo bem, eu julgo que fui
inadequada. Foi educada numa clara tentativa de amenizar o meu comportamento.
— Eu que fui rude quando você apenas
se preocupou comigo. Reconheci.
— Eu não quero atrapalhar só vim
trazer seu almoço já que não saiu.
Eu não sairia para fazer as
refeições, era o meu protesto.
— Obrigado, Anna.
Ela sorriu compreensiva ao me
entregar a bandeja, a comida chegou à boa hora.
O bangalô construído no lugar
paradisíaco havia se tornado uma espécie de prisão temporária.
A avalanche de emoções me destruiria
lentamente. O sentimento de impotência me seguia de perto.
Eu só tinha as visitas inoportunas
de Anna, numa clara intenção de aproximação solidária, sempre paciente sentada
na ponta da minha cama. Ela só queria entender a razão do meu estado de
espírito. Gostei de saber que ela não sabia sobre Aurora, contá-la sobre a
minha desgraça estava fora de cogitação como alternativa ocultei o real motivo
e disse estar triste pelo retorno precoce.
O olhar genuíno de Anna acendeu com
um vislumbre de intensidade quando ela me disse.
—Seja o que for que tenha
acontecido, tenha confiança que no fim tudo vai dá certo. Sorriu minimamente como se quisesse me
confortar.
A loira Stepanov não estava alheia e
todo aquele apoio poderia ser usado em meu favor.
Anna parecia disposta a me ajudar se
assim eu pedisse. Ela era a filha do chefe, a minha mãe faria qualquer coisa
para agradá-la, ela poderia ser uma porta de salvação, no entanto, eu teria
coragem de falar sobre os meus sentimentos? E se a minha mãe a usasse contra
mim?
Alguém tão introspectivo como eu não
chorava no colo de ninguém.
Lutar contra o relógio era um
desafio impossível de vencer. Entretanto, eu precisava amadurecer a difícil
ideia.
— Você parece tão perdido, como se a
sua vida dependesse de mim.
Anna conseguia me ler como ninguém,
o que era estranho.
Toda àquela atenção poderia ser
útil, mas, e se fosse o contrário? Se ela me afundasse mais? Será que Anna
realmente não sabia? Ou estava junto com a minha mãe e só queria me sondar?
Deus! Eu estava enlouquecendo.